ComitĂȘ Regional para Parcerias com os Povos IndĂ­genas e Comunidades Tradicionais realiza primeiro dia de atividades no Tocantins

Apr 28, 2022

por Camila Mitye/Governo do Tocantins

A 2ÂȘ ReuniĂŁo OrdinĂĄria do ComitĂȘ Regional para Parcerias com os Povos IndĂ­genas e Comunidades Tradicionais, instĂąncia de diĂĄlogo e parceria entre estes grupos sociais com os Estados Membros da Força Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF) na AmazĂŽnia Brasileira, foi aberta oficialmente nesta quarta-feira, 27, em Palmas, capital do Tocantins, com a presença de lideranças indĂ­genas dos nove estados amazĂŽnicos. A reuniĂŁo estĂĄ sendo realizada no Hotel Select atĂ© quinta-feira, 28, com apoio do Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos HĂ­dricos (Semarh). A abertura da reuniĂŁo do ComitĂȘ contou com a apresentação musical de um grupo do povo indĂ­gena Iny KarajĂĄ , da Ilha do Bananal, que entoou cançÔes do ritual AruanĂŁ.

Na pauta do primeiro dia de reuniĂŁo, os membros do ComitĂȘ detalharam os critĂ©rios para acesso aos recursos do projeto Floresta+ AmazĂŽnia Comunidades, do MinistĂ©rio do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o Programa das NaçÔes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), alĂ©m de trocar experiĂȘncias, vivĂȘncias e informaçÔes.

A retomada das reuniĂ”es presenciais, apĂłs um longo perĂ­odo de encontros virtuais impostos pela pandemia, foi celebrada pela presidente do ComitĂȘ, Francisca Arara, que Ă© chefe do Departamento de Regulação no Instituto de Mudanças ClimĂĄticas do Acre (IMC/AC).

“Com a pandemia nĂłs paramos todas as nossas atividades e agora estamos retomando o trabalho do ComitĂȘ, fazendo visitas aos estados, olhando como estĂĄ a situação da construção das salvaguardas, do desenvolvimento sustentĂĄvel, da bioeconomia e a participação dos povos indĂ­genas. Hoje estamos tratando de pontos essenciais, como o acesso aos fundos climĂĄticos. Eu acredito que nĂŁo podemos ficar sĂł na conversa, precisamos de ação, o recurso tem que chegar na ponta, para os povos indĂ­genas e as comunidades tradicionais, sem muita burocracia”, reivindicou.

O coordenador Regional do GCF no Brasil, Carlos Aragon, disse que a expectativa com a atuação do ComitĂȘ Ă© atender Ă s demandas e aos anseios dos povos indĂ­genas e comunidades tradicionais representados. Entre os pontos centrais que serĂŁo debatidos no encontro, ele pontuou “o acesso a financiamentos que permitam atender demandas prioritĂĄrias de gestĂŁo ambiental e territorial de terras indĂ­genas; o nivelamento de informaçÔes em relação ao mercado de carbono, um tema em evolução que Ă© um anseio dos investidores; e os sistemas estaduais de salvaguardas, trabalho que jĂĄ estĂĄ em andamento no Tocantins”.

A secretĂĄria do Meio Ambiente e Recursos HĂ­dricos, Miyuki Hyashida, lembrou que os olhos do mundo estĂŁo voltados para a AmazĂŽnia brasileira, por isso a necessidade de garantir as salvaguardas socioambientais dos povos indĂ­genas, povos e comunidades tradicionais (PIPCT). “Hoje o mundo enxerga a importĂąncia da AmazĂŽnia e quer investir na sua preservação. E esses investimentos tĂȘm que ser encaminhados tambĂ©m para quem mantĂ©m a floresta em pĂ©, como a comunidade indĂ­gena, que Ă© tĂŁo importante. Por isso o Governo do Estado se empenhou para trazer as representaçÔes das nossas etnias para esse evento, porque queremos ouvir todos vocĂȘs para construir nossas polĂ­ticas pĂșblicas de forma justa”, afirmou.

Presente na abertura, a secretĂĄria executiva da Semarh, Karynne Sotero, salientou a importĂąncia da pauta ambiental para o Governo do Tocantins, especialmente, a intenção de fortalecer o diĂĄlogo com os povos indĂ­genas e comunidades tradicionais. “Podem contar com o apoio e o trabalho ĂĄrduo do Estado, que entende o papel desempenhado por todos vocĂȘs para a preservação das nossas florestas e nossos recursos naturais”, disse.

Representante do Tocantins no ComitĂȘ, a presidente do Instituto IndĂ­gena do Tocantins (INDITINS), Narubia Werreria, da etnia Iny KarajĂĄ, ressaltou a realização do evento no estado, que pela primeira vez reĂșne representaçÔes indĂ­genas para debater polĂ­ticas climĂĄticas globais. “Estamos unidos, mesmo com as nossas divergĂȘncias, por meio dessa plataforma de diĂĄlogo, com um Ășnico objetivo, de fazer valer a nossa voz. Especialmente nĂłs mulheres, por muito tempo estivemos distantes e agora estamos ocupando nosso espaço ao lado dos lĂ­deres homens, fazendo esse trabalho conjunto que precisa ser levado tambĂ©m para as bases”, afirmou. Narubia defendeu ainda a necessidade do desenvolvimento de projetos que promovam a autonomia para as comunidades indĂ­genas do Tocantins, principalmente voltados para a produção de alimentos.

O ComitĂȘ Regional no Brasil

A criação do ComitĂȘ Regional Ă© fruto de longo esforço de diĂĄlogo global intensificado a partir de 2017 e liderado por organizaçÔes representativas do movimento indĂ­gena, com o apoio de organizaçÔes nĂŁo governamentais, e teve como ĂĄpice a aprovação pela Assembleia Geral do GCFTF de: “PrincĂ­pios de Colaboração e Parceria entre Governos Subnacionais, Povos IndĂ­genas e Comunidades Locais”.

Estes princĂ­pios de colaboração estabeleceram o marco orientador dos esforços de diĂĄlogo na AmazĂŽnia do Brasil, iniciados em 2018, e foram o alicerce para a Criação do ComitĂȘ Regional em novembro de 2019, apĂłs quase dois anos de coordenação e interação entre lideranças indĂ­genas, organizaçÔes nĂŁo governamentais de apoio e Governos Subnacionais dos nove Estados da AmazĂŽnia Legal.

Força-Tarefa GCF

A Força-Tarefa dos Governadores de Clima e Florestas (GCF) foi criada em 2008 para responder aos problemas fundamentais do desmatamento tropical e das mudanças climĂĄticas – e as complexidades correspondentes de ruptura ecolĂłgica, perda de biodiversidade, insegurança alimentar, energĂ©tica e hĂ­drica e pobreza rural.

É uma colaboração subnacional de 39 estados e provĂ­ncias, em 10 paĂ­ses, que trabalham para proteger as florestas tropicais, reduzir as emissĂ”es do desmatamento e da degradação florestal e promover caminhos realistas para o desenvolvimento rural de manutenção das florestas. É a maior plataforma do mundo para estados e provĂ­ncias comprometidos com esta missĂŁo.

Povos indĂ­genas do Tocantins

Segundo dados da Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (ARPIT), os povos indígenas do Tocantins estão distribuídos em nove etnias, sendo elas: Karajå, Karajå Xambioå, Javaé, Avå-Canoeiro, KrahÎ, Xerente, Apinajé, KrahÎ Kanela e Kanela do Tocantins.

Link para a matĂ©ria: ComitĂȘ Regional para Parcerias com os Povos IndĂ­genas e Comunidades Tradicionais realiza primeiro dia de atividades no Tocantins (www.to.gov.br)